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Cientistas tentam desvendar como Covid-19 causa demência parecida com Alzheimer



Um estudo liderado por pesquisadores do centro médico acadêmico Cleveland Clinic, nos Estados Unidos, indica pontos em comum entre o Alzheimer e o desenvolvimento de demência em alguns casos graves de Covid-19.


Os mecanismos por trás dessa complicação cerebral causada pela infecção pelo coronavítrus Sars-CoV-2 foram descritos em artigo publicado no periódico Alzheimer's Research & Therapy na última quarta-feira (9). As descobertas podem ajudar a criar estratégias terapêuticas e a lidar com riscos da deficiência cognitiva causada pela Covid-19.


Os cientistas utilizaram inteligência artificial para analisar diversos dados de pacientes com Alzheimer e Covid-19. O objetivo era medir as semelhanças entre genes e proteínas encontradas em pacientes infectados pelo Sars-CoV-2 e pessoas com doenças neurológicas. Considera-se que, quanto mais parecidos esses genes e proteínas, mais vias para o desenvolvimento dessas doenças podem ser compartilhadas ou estarem relacionadas.


Os fatores genéticos que possibilitaram a infecção por Sars-CoV-2 em tecidos e células do cérebro também foram analisados. Se por um lado poucas evidências do ataque direto do vírus à massa cerebral foram encontradas, por outro, os cientistas descobriram diversas relações entre o coronavírus e genes e proteínas associados a doenças neurológicas, principalmente o Alzheimer.


Essas relações em comum são capazes de apontar como a Covid-19 pode provocar casos de demência parecidos com o Alzheimer. Para explorar isso, foram investigadas possíveis associações entre a Covid-19 e marcas registradas da condição cognitiva, como neuroinflamação e lesões microvasculares no cérebro.


"Descobrimos que a infecção por Sars-CoV-2 alterou significativamente os marcadores de Alzheimer implicados na inflamação do cérebro e que certos fatores de entrada viral são altamente expressos nas células da barreira hematoencefálica", explica, em comunicado, Feixiong Cheng, membro do Instituto de Medicina Genômica da Cleveland Clinic. "Essas descobertas indicam que o vírus pode impactar vários genes ou vias envolvidas na neuroinflamação e lesão microvascular do cérebro, o que pode levar ao comprometimento cognitivo semelhante à doença de Alzheimer."


Outro achado do estudo é que pessoas com o alelo APOE E4/E4, o maior fator genético de risco para o Alzheimer, têm uma baixa expressão de genes de defesa antiviral — e isso pode torná-las mais suscetíveis à Covid-19. "Esperamos ter pavimentado o caminho para pesquisas que estudam biomarcadores testáveis e mensuráveis que possam identificar pacientes com maior risco de complicações neurológicas com Covid-19", afirma Cheng.


Agora, a equipe da Cleveland Clinic está trabalhando na identificação de biomarcadores e novos alvos terapêuticos para tratar problemas neurológicos associados à Covid-19 em pacientes que convivem com sintomas persistentes.


Fonte – Revista Galileu

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