Novo estudo traz achados importantes para quem desenvolveu a Covid-19 e apresentou prejuízos na capacidade de sentir cheiros
À medida que os casos de Covid-19 disparavam no mundo todo, cientistas perceberam que um impacto importante da infecção pelo novo coronavírus é a perda de olfato. Até o momento, especulava-se que isso tinha a ver com uma ação do vírus no sistema nervoso. Mas um estudo conduzido pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, explorou melhor os mecanismos que causam esse sintoma.
Em resumo, os achados sugerem que a perda da capacidade de sentir cheiros está relacionada a alterações nas células de suporte olfativas, e não a repercussões nos neurônios.
Para entender melhor essa história, é preciso ter ideia de como funciona o olfato. Pois bem: no topo da nossa cavidade nasal há um tecido conhecido como epitélio olfativo. Ele abriga neurônios e as chamadas células sensoriais de suporte. Quando sentimos o cheiro de alguma coisa, é sinal de que essa estrutura detectou um odor. Nesse momento, impulsos nervosos são enviados para o cérebro, que processa a informação de que estamos percebendo aquele cheiro.
“Os pesquisadores buscaram identificar quais elementos dessa região olfativa são, de fato, infectados pelo coronavírus”, explica a neurologista Gisele Sampaio, da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), que não participou da investigação.
O estudo
Os cientistas começaram mapeando informações genéticas das cavidades nasais superiores de camundongos, primatas não humanos e pessoas. Eles focaram na análise em dois genes específicos: ACE2 e TMPRSS2. É essa dupla que codifica as enzimas receptoras que o Sars-CoV-2 usa para entrar nas células humanas.
Em outras palavras: é como se, para conseguir invadir alguma parte do nosso corpo, o coronavírus tivesse uma chave que só se encaixa em fechaduras específicas. Os estudiosos procuraram, então, quais componentes das cavidades nasais tinham o formato dessas fechaduras.
O resultado mostrou que o ACE2 e o TMPRSS2 (as tais fechaduras) só são expressas por células de suporte olfativo – e não por neurônios.
Fonte: Maria Tereza Santos/Veja – Abril
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