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Conheça 6 inimigos do cérebro e saiba reverter esses hábitos nocivos



O cérebro é um órgão vulnerável, portanto exige uma boa manutenção cotidianamente. No entanto, altos graus de exigência e níveis de necessidade de articulações intelectual e emocional levam as pessoas a seus limites. Prova disso é a fadiga mental, que pode evoluir para a síndrome de Burnout ou levar a crises de ansiedade e depressão. "Esquecimento, desatenção e baixa no rendimento mental têm sido mais frequentes e mostram que alguns hábitos precisam ser revistos", alerta o neurologista Leandro Roberto Teles, membro efetivo da ABN (Academia Brasileira de Neurologia).


Muitos hábitos inadequados se tornam grandes inimigos do cérebro, fazendo-o enfrentar falhas e, ao longo do tempo, podendo até aumentar o risco de danos cerebrais como o surgimento de doenças degenerativas e psiquiátricas. "Existe um potencial de lesão indireta em longo prazo", completa Teles. Mas a boa notícia é de que ao substituir os hábitos nocivos pelos benéficos é possível reverter os danos funcionais, promovendo saúde como um todo —afinal o cérebro também comanda o sistema hormonal e imunológico, ou seja, cuidar desse órgão reflete em todo o organismo.


De acordo com a neurocientista Ângela Wyse, professora titular do Departamento de Bioquímica da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), a plasticidade neuronal é a capacidade que o cérebro tem de adaptação. Por isso, nunca é tarde para corrigir tais hábitos e buscar uma manutenção adequada da saúde cerebral. "O cérebro se renova e, ao apostar nessas correções, ele aumenta suas conexões e pode evitar doenças futuras", confirma a docente.


Para ajudar a identificar os inimigos do cérebro, listamos aqui os principais deles. Além disso, apontamos quais ações podem e devem ser adotadas para a qualquer momento investir na saúde desse órgão tão importante. Confira!


1. Falta de sono

Durante o sono o cérebro consolida as memórias do dia anterior, organiza o pensamento e exercita a criatividade; além disso, prepara o cérebro para as atividades do dia seguinte. "Um sono de boa qualidade é tão importante para a saúde do cérebro que a recomendação médica atual é de que se deve dormir mesmo que seja com medicamentos indutores do sono, reservados àqueles casos em que não houve resposta aos tratamentos comportamentais como a higiene do sono", ressalta Einstein F. Camargos, professor do programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas (Mestrado e Doutorado) da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB).


Como corrigir: Aposte em algumas técnicas que ajudam na indução do sono. Desligue aparelhos eletroeletrônicos e apague as luzes. A escuridão ajuda na produção de melatonina, hormônio do sono. Procure dormir, ao menos, 8 horas e, ao longo do dia, invista no gerenciamento do estresse para não levar para a cama os problemas do dia-a-dia. Veja mais dicas para pegar no sono melhor.


2. Sobrecarga mental

O cérebro tem uma capacidade limitada de lidar com afazeres simultâneos. Por isso, o estresse da vida cotidiana moderna tem sido muito prejudicial à saúde mental. "No esforço realizado pelo cérebro em controlar as emoções, algumas áreas deixam de ser estimuladas ou mesmo reabilitadas, levando a uma perda funcional importante que pode se expressar como prejuízos na atenção e queixas de memória", explica Camargos. Além disso, o estresse crônico libera hormônios —como adrenalina — mantendo o sistema de alerta ativo. "Esse excesso de hormônio pode aumentar os níveis de inflamações e, consequentemente, causar danos celulares, que ao longo do tempo podem danificar o sistema cerebral e elevar a chance de doenças neurodegenerativas", alerta Wyse.


Como corrigir: Nada de querer abraçar o mundo. Evite fazer várias coisas ao mesmo tempo, realize cada atividade no seu tempo e foque nos problemas importantes e específicos. "Tire o melhor do seu cérebro reduzindo a taxa de distratores", sugere Teles. Outra dica é evitar ambientes pesados e bagunçados, evitando assim o bombardeio de estímulos.


3. Rotina

É bem menos trabalhoso seguir um roteiro já traçado, mas a rotina automatiza os processos mentais. Por conta dela, deixamos de raciocinar, criar e perdemos a chance de exercitar os neurônios. "Os trabalhos repetitivos, relações interpessoais que caíram na mesmice, falta de projetos, planos, metas, enfim tudo isso leva a uma preguiça cognitiva", confirma Teles.


Como corrigir: Busque coisas novas e faça a rotina de jeito criativo, alterando caminhos e ambientes, conhecendo pessoas e lugares novos. É importante alimentar o cérebro de vivências intelectualmente mais interessantes. Segundo Wyse, a leitura é uma motivação importante para o cérebro, pois o força a realizar novas conexões, recordar alguma situação, vivenciar uma nova história. Na prática, faz o cérebro trabalhar.


4. Sedentarismo

A atividade física age no sistema nervoso central em vários níveis. "Reduz a ansiedade, derruba os níveis de cortisol e adrenalina, estimula a formação de redes dentro do hipocampo (região responsável pela memorização) e melhora o sono", informa Teles. Por isso, ficar parado é um problema para a saúde cerebral. Além disso, a falta de atividade física aumenta o risco de obesidade, pressão alta, colesterol elevado, problemas cardíacos, doenças que podem ainda aumentar o risco de doenças isquêmicas, o conhecido AVC (Acidente Vascular Cerebral).


Como corrigir: Comece devagar e pare de adiar aquela caminhada. Ao se movimentar, ocorre otimização da concentração, do processo criativo e do pensamento lógico. A prática de atividade física tende a elevar a autoestima, ativando regiões cerebrais ligadas ao prazer. "Com isso, o circuito cerebral libera dopamina, o hormônio do prazer que mantém o cérebro ativo e alegre", fala Wyse.


5. Tecnologia

Não dá mais para viver desconectado, afinal o computador e o smartphone tornaram-se essenciais para a vida social e profissional. Porém, nas redes sociais consumimos uma quantidade enorme de informação sem ao menos conseguir assimilar ou pensar sobre cada uma delas. "Há ainda o risco de terceirização cognitiva, pois as pessoas delegam ao celular, por meio de vários aplicativos o ajuste e lembrete de datas, horários e tarefas e, com isso, a pessoa começa a ficar mais sedentária mentalmente", alerta Teles.


Como corrigir: É importante não permitir que se desenvolva um grau de dependência, apostando na delimitação de tempo. Pode ter acesso à tecnologia, mas sem ficar refém disso. Também é possível criar vínculos em redes sociais, mas sem abrir mão do mundo real, pois as interações sociais fazem o cérebro trabalhar e ativam a região do prazer.


6. Notícias ruins

Assim como se escolhe o que colocar no prato, também é importante ficar atento às notícias que estão alimentando o nosso cérebro. Uma overdose de informações negativas ativa memórias ruins e interfere na liberação de dopamina.


Como corrigir: É fundamental, de tempos em tempos, equacionar o tipo de estimulo que tem recebido do externo. Aqui, a proposta não é ficar alienado, mas procurar alimentar o cérebro também com informações positivas para ativar os neurônios do bem, como dopamina (prazer) e serotonina (bem-estar).


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