Grande número de pacientes com Covid-19 grave que necessitam de ventilação mecânica, levam dias ou semanas para despertar da sedação, além disso, segundo relatos de especialistas, parece que esses pacientes podem precisar de meses de reabilitação para voltar à sua linha de base neurocognitiva. Essa percepção é compartilhada por vários médicos de diferentes instituições.
Experiências práticas
Abhay Kumar, MD, neurointensivista e professor associado do departamento de neurocirurgia da McGovern Medical School of UTHealth em Houston, em entrevista a Neurology today descreve um interessante caso em que sua paciente, admitida por insuficiência respiratória secundária à Covid-19 e com acidente vascular encefálico durante a internação, permaneceu cerca de 6 semanas em ventilação mecânica. Após retirada da sedação, demorou a acordar, chegaram a abordar familiares sobre cuidados paliativos e medidas de conforto, foi quando iniciou o despertar e ótima evolução com a reabilitação. Segundo ele, a cautela é importante ao fazer prognósticos e tomadas de decisão, uma vez que estamos diante de uma doença nova.
Nenhum artigo publicado descreveu os reais motivos do porquê da dificuldade do despertar após períodos variados de sedação e bloqueadores musculares. Alguns especialistas, como Brian L. Edlow, MD, professor associado de neurologia da Harvard Medical School, discutem a hipótese que a hipoxemia por tempo prolongado pode fazer parte do processo. É unanimidade que todos os médicos da linha de frente já se depararam com esta condição.
Fatores de risco
São fatores de risco para sintomas neurocognitivos nos casos de Covid-19 grave: diagnósticos pré-existentes, como demência e acidente vascular, por exemplo, eventos fisiopatológicos durante o tratamento agudo, como hipoxemia, hipoperfusão e resposta inflamatória e o manejo durante o tratamento agudo como sedação, ventilação mecânica e complicações como delirium.
Fato que o despertar e a recuperação cognitiva podem levar tempo. Muito precisa ser estudado e investigado sobre este tema. Não temos dúvidas que se trata de um território intrigante e amplamente desconhecido, mas que nos diz que não podemos desistir desses pacientes com Covid-19.
Fonte: Portal PEBMED
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