A epilepsia é uma doença do Sistema Nervoso Central (SNC), caracterizada pela instabilidade elétrica dos neurônios. É fator ocasionador de crises epiléticas, comumente chamadas de convulsões.
Essas crises têm início e fim delimitados. Entre as causas, as primárias geralmente são derivadas de alguma alteração genética. Já as secundárias, se dão quando o paciente anteriormente sofreu um derrame, tumor ou meningite, sendo esses os desencadeadores do quadro.
De acordo com a especialista da Associação Paulista de Neurologia (APAN), Cristine Cukiert, a origem das crises varia de caso a caso e a prevalência da epilepsia, no Brasil, está em torno de 8 a 13 portadores a cada 1.000 habitantes. Estima-se que 0,5 a 1% da população mundial seja afetada pela doença. Países menos desenvolvidos tendem a apresentar maior predomínio, já que não possuem condições favoráveis no sistema de saúde.
Dra. Cristine afirma que convulsões são as crises epilépticas mais comumente identificadas pela população, mas podem não estar presentes em todos pacientes portadores da doença. Para diagnosticar a epilepsia, é necessária a ocorrência de pelo menos duas crises espontâneas ao longo da vida, ou de uma única nos casos em que houver maior predisposição, como em pessoas que sofreram uma infecção no sistema nervoso, trauma de crânio ou AVC.
A maior ocorrência se dá durante a primeira infância (antes dos cinco anos) e após os 60 anos de idade, constituindo uma distribuição bimodal.
“Hoje em dia, com o avanço das testagens genéticas, tem se descoberto a causa do problema em vários pacientes onde, anteriormente, não era possível. Isso possibilita um melhor entendimento da doença e um tratamento mais direcionado, evitando-se a realização de exames desnecessários” pontua.
Ela enfatiza ainda a necessidade de diagnóstico correto do tipo de crise, para que seja feito o tratamento adequado das mesmas. “Muitas vezes, se a pessoa tomar uma medicação incorreta, pode haver a falta de controle e, até mesmo, a piora das crises”. Daí a importância de se procurar atendimento neurológico assim que surgir uma suspeita, visto que o quadro pode evoluir para algo mais grave.
Além disso, o tratamento deve ser individualizado. Para a epilepsia primária, geralmente o uso de medicação adequada reduz as convulsões. Já para a secundária, é preciso tratar outros problemas causadores das crises.
Contudo, é possível ter uma vida normal, desde que o controle seja feito corretamente. Não há como prevenir o início da epilepsia em pessoas saudáveis, qualquer um pode estar sujeito. Para aqueles diagnosticados, existem fatores desencadeantes de crise, como o foto-estímulo (luzes estroboscópicas de algumas casas noturnas), privação de sono ou alimentação deficitária.
Dra. Cristine ressalta, por fim, que somente 20 a 30% dos pacientes apresentam epilepsia resistente (o grau mais grave).
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