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Especialista: Em breve, exames de sangue identificarão o Alzheimer



Segundo a Organização Mundial da Saúde, atualmente, cerca de 55 milhões de pessoas convivem com a demência, sendo o mal de Alzheimer uma de suas formas mais comuns. O diagnóstico costuma ser feito depois do aparecimento dos sintomas, o que significa que o doente já está praticamente condenado a conviver com o mal até a morte.

De acordo com o professor de farmacologia da UFRGS Eduardo Zimmer, no futuro próximo, será possível identificar a presença do mal de Alzheimer por meio de exames de sangue mais de dez anos antes do surgimento dos primeiros sintomas. Com isso, o tratamento e a mitigação da doença podem ser facilitados, embora a cura ainda pareça estar longe. VEJA conversou com Zimmer sobre o assunto.


O Alzheimer é um problema sério no Brasil?

A grande maioria dos casos de demência do Brasil ainda não foram corretamente identificados. Um artigo de 2015 sugeriu que 77% das pessoas que vivem com demência no país ainda não foram diagnosticadas. Eu estimaria que são cerca de 2,5 milhões de indivíduos com a doença no país.


O que mudou recentemente na identificação do Alzheimer?

Antigamente, só conseguíamos diagnosticar a doença após a morte. Em 2004, houve uma revolução que resultou no desenvolvimento de exames de imagem capazes de reconhecer placas e emaranhados no cérebro que significam que o paciente tem Alzheimer. O problema é que esses exames são caros e complexos. Em 2020, foi descoberta uma série de marcadores sanguíneos capazes de identificar esses sinais.


O que isso significa para a medicina?

Basicamente, significa que, em cerca de cinco anos, teremos acesso a exames sanguíneos não invasivos capazes de apontar quando um paciente desenvolverá Alzheimer mais de uma década antes da aparição dos primeiros sintomas. Esse tipo de exame poderia ser aplicado por todo o mundo, por todo o Brasil – algo inviável com os exames atuais, que exigem muita tecnologia e técnica.


Qual seria a importância desse novo exame?

Atualmente, sabemos muito pouco sobre a prevalência do Alzheimer em casos pré-clínicos, ou seja, antes do surgimento de sintomas. Podemos estar frente a uma pandemia silenciosa, pouco conhecida, e, consequentemente, não estamos nos preparando para isso. Identificar a doença 15, 20 ou 25 anos antes de sua manifestação faz com que a janela temporal de intervenção médica seja muito maior, e, assim, será muito mais fácil ajudar os pacientes.


Como é possível ajudar pacientes com Alzheimer se ainda não há remédio para a doença?

Ainda que não tenhamos medicamentos curativos, sabemos que existem estratégias não farmacológicas que podem ser essenciais para impedir o declínio cognitivo. Isso envolve exercícios, alimentação saudável, vida social, entre outras práticas. Tudo isso tem um efeito importante para tentar evitar que o paciente entre na fase sintomática da doença. Por isso, identificá-la o quanto antes é fundamental.


No futuro próximo, o Alzheimer será um problema menor do que é hoje?

O Alzheimer ainda é algo para se preocupar, e será assim até que desenvolvamos uma estratégia curativa. Mas é importante perceber como nós evoluímos em relação à doença. Antigamente, só conseguíamos diagnosticá-la após o falecimento. Agora, o diagnóstico pode vir antes dos primeiros sintomas. Estamos caminhando para uma mudança de paradigma enorme em relação à demência. Esse progresso é muito interessante de acompanhar.


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