Até o início de agosto, foram confirmados 646 casos de sarampo em oito estados brasileiros. Tal quadro fez com que o Ministério da Saúde colocasse em operação o Comitê Operativo de Emergência em Saúde (COE). Foi um alerta de que existe a possibilidade da decretação de estado de emergência pública.
Segundo a médica e pesquisadora Elba Lemos, chefe do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o País enfrenta atualmente outras ameaças no campo da virologia. Um desses perigos tem como sujeito o poliovírus, a causa da poliomielite em humanos.
“Com todo esse movimento antivacina a diversas doenças, estamos sim vulneráveis, como à coqueluche, tétano, difteria e hepatite B, entre outras. O número de pessoas imunizadas vem diminuindo e os riscos crescendo. É um retrocesso em saúde pública, um retrocesso ao século passado”.
Outro complicador, aponta Elba Lemos, é a deficiência do Brasil em termos de água e saneamento básico. Ela ainda adverte os formadores de opinião e a todos que tratam com a comunidade, no dia a dia, de que é necessário responsabilidade e respeito à ciência.
“Negar a imunização é um facilitador para o retorno de uma série de doenças consideradas erradicadas até então. São de uma leviandade total essas pessoas que fazem pregação contra as vacinas, criando fakenews, espalhando falsamente que provocam autismo, infertilidade; só para citar alguns exemplos”.
Para conscientizar não só aos cidadãos, mas inclusive os médicos e demais profissionais de saúde, um grupo de acadêmicos do IOC criou recentemente um jogo de baralho, à semelhança do UNO, cujo objetivo é esvazias as mãos. Chama-se IMUNE e tem cartas como Rotavírus, Bônus Vacina, Cientista, Pesquisador, Risco, Bocavírus e por aí segue.
“Temos de buscar toda e qualquer forma de orientação”, pondera Elba sobre a proposta lúdica. “Precisamos ocupar os espaços, falar mais do que nunca que nos benefícios da imunização. Se a vacinação é negada, pessoas ficam vulneráveis e os vírus podem circular livremente”, completou.
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