Renata Capucci contou que recebeu o diagnóstico aos 45 anos. “Eu fui diagnosticada com doença de Parkinson em outubro de 2018, quando tinha 45 anos. Hoje, eu tenho 49. Eu estava no meio do programa Popstar, que eu participei. Comecei com os sintomas um pouquinho antes. Comecei a mancar e as pessoas falavam para mim: ‘por que você está mancando, Renata?’. E eu falava: ‘eu não estou mancando’. Eu não percebia que estava mancando”, contou a jornalista.
A doença de Parkinson atinge 1 a 2% da população mundial acima dos 65 anos e aumenta com a idade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas tenham Parkinson.
O Parkinson é uma doença neurológica, que afeta os movimentos da pessoa. Ocorre por causa da degeneração das células que produzem a dopamina, que conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) ao corpo. A falta ou diminuição da dopamina afeta os movimentos, provocando sintomas como tremores, rigidez muscular, desequilíbrio.
A doença não tem cura, mas os tratamentos disponíveis garantem o mínimo de qualidade de vida para os pacientes.
Acredita-se que a causa do Parkinson seja multifatorial. Os genes 'carregam a arma' e o meio ambiente 'puxa o gatilho'. Isso quer dizer que o paciente pode ter uma alteração genética e os fatores ambientais irão ativar ou desativar esse gene.
Alguns fatores podem aumentar a chance de uma pessoa vir a desenvolver a doença, como fatores de risco ambientais e genética.
"Estudos mostram que de 3 a 5% dos casos de pacientes diagnosticados com a doença de Parkinson podem estar relacionados a uma causa genética. Existem diversos genes que já foram reconhecidos como causadores da doença, alguns com herança autossômica recessiva, outros com herança autossômica dominante", diz Mariana Moscovich, neurologista especialista em distúrbios do movimento.
Apesar dos sintomas motores serem a principal característica da doença e determinarem seu diagnóstico, os sintomas não motores são muito importantes por causarem grande impacto na qualidade de vida do paciente, explica Moscovich.
Sintomas motores:
· Tremor (que pode estar ausente em 20% dos casos);
· Rigidez
· Lentidão
· Distúrbio de marcha e equilíbrio
· Escrita diminuída
Sintomas não motores:
· Depressão, ansiedade, transtornos do humor, apatia
· Psicose
· Distúrbios cognitivos
· Disfunções autonômicas (hipotensão postural, sintomas gastrointestinais, constipação, problemas urinários, disfunção sexual)
· Distúrbios do sono
O diagnóstico da doença é feito com base na história clínica do paciente e no exame neurológico. Não há nenhum teste específico para o seu diagnóstico ou para a sua prevenção.
Entre as terapias disponíveis estão: remédios, cirurgia e atendimento multidisciplinar, que podem fornecer alívio e melhorar a qualidade de vida do paciente. "As principais medicações disponíveis hoje para serem utilizadas no tratamento dos sintomas motores são a levedopa, agonistas dopaminérgicos e inibidores da MAO-B".
Existem novas terapias, em especial para tratar sintomas não motores da doença de Parkinson. Algumas já estão disponíveis nos Estados Unidos e Europa e, em algum momento devem chegar ao Brasil.
Sobre estudos, ela conta que existem estudos em ensaios clínicos para o tratamento de sintomas motores e não motores, assim como tratamentos que visam prevenir, abrandar ou reduzir a progressão geral do Parkinson.
"As investigações sobre neuroproteção estão na vanguarda das pesquisas em doença de Parkinson. Várias moléculas foram propostas como tratamentos potenciais, no entanto, nenhuma delas demonstrou de forma conclusiva a redução da degeneração. A redução da patologia da alfa-sinucleína é o principal foco da pesquisa pré-clínica. Uma vacina que prepara o sistema imunológico humano para destruir a alfa-sinucleína entrou em ensaios clínicos e um relatório de fase 1, em 2020, sugeriu segurança e tolerabilidade", finaliza.
Fonte: G1 – Junho de 2022
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