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Plano Nacional de Demência



O envelhecimento da população é uma realidade que preocupa especialistas por conta do crescimento dos casos de demência. Uma audiência pública ocorrida em Brasília teve foco na discussão de políticas voltadas ao tratamento e prevenção da síndrome demencial no Brasil. Foram apresentados dados epidemiológicos, fatores de risco e ações preventivas, além dos custos do tratamento para as famílias, baseando-se principalmente em pesquisas nacionais realizas pelo próprio grupo. Ao término da reunião, foi criada uma comissão constituída por parlamentares e representantes da sociedade civil para elaborarem o Projeto do Plano Nacional de Demência.


O doutor Ricardo Nitrini, da Disciplina de Neurologia do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP), participou da sessão e contou detalhes ao Jornal da USP no Ar. Ele conta que se chegou à conclusão de que “para propiciar melhores tratamentos às famílias de pacientes com demência e prevenir o aumento dos casos no país, é necessária a atuação não só de instituições de saúde, mas principalmente do poder público. Isso é importante porque a influência social dos pesquisadores desse assunto acaba sendo menor do que a governamental”.


A saída encontrada e defendida pelos presentes na reunião foi a intenção de criar o Plano Nacional de Demência, que contaria com o apoio da Comissão de Defesa aos Direitos da Pessoa Idosa. Autoridades já estão sendo contatadas para que esse plano se efetive, segundo Nitrini. O neurologista também ressalta que “países mais avançados – inclusive alguns da América do Sul, como Costa Rica, México e Chile – já possuem planos nacionais estruturados para prevenir a demência. Eles buscam identificar os fatores de risco, como fumo, falta de atividade física, má alimentação e colesterol, e enfrentá-los com medidas preventivas e tratamentos já na população jovem. Essas precauções não se aplicam somente a idosos”.


No Brasil, entretanto, ainda não existe essa cultura de prevenção. Além dos fatores já citados, o doutor destaca que questões sociais também acarretam o desenvolvimento da doença: “a demência é muito mais prevalente em indivíduos de baixa escolaridade, e ainda há muito analfabetismo entre os idosos. Cada ano de escolaridade a mais significa mais resistência à doença, e isso acontece porque a pessoa com uma formação educacional melhor consegue conviver com uma agressão do sistema nervoso central, seja por lesão ou degeneração, porque ele tem uma reservas cognitivas. Isso pode fazer com que uma doença que se manifestaria hoje possa aparecer daqui a até 5 anos, porque o declínio não se manifesta, e o indivíduo consegue se proteger por conta de seu repertório intelectual”.


Com isso, a instauração de políticas públicas sobre a questão, deveria começar pela divulgação do que é a doença e como preveni-la, na opinião do professor. Ele também defende que o Plano Nacional ofereça assistência social às famílias de pacientes com a síndrome: “a demência representa um problema social grave principalmente em famílias de baixa renda. Às vezes uma pessoa cuida de um idoso e não pode deixá-lo sozinho por conta da doença, mas ainda sim precisa trabalhar. Deveria haver alguma clínica de repouso na qual essas pessoas pudessem deixar seus familiares e depois buscá-los, ou algum tipo de auxílio para contratar um cuidador, por exemplo. Com o envelhecimento da população, esse cenário será ainda mais comum no futuro, e precisamos de um plano para combater isso o quanto antes”.


Fonte – Jornal da USP

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